Princípio da incerteza

Como mergulhar no mar para fugir da chuva, prender-se em incertezas após passar meses a mercê de uma dúvida é, na mais clichê das analogias, um tiro no pé. Ora, a vida é uma grande dúvida, desde teorias sobre origem do universo até conspirações contra a ida do homem à lua. Nada é certo ou concreto. Não conhecemos totalmente nem um grão de feijão, como Heisenberg explica com o Princípio da Incerteza, quem dera a nós mesmos ou o nosso futuro. Podemos errar, temos que errar, o erro é tão necessário quanto todas as congratulações. E não há maneira racional de permanecer em algo monótono, constante e imutável, que vive sob o receio do próximo passo. Somos feitos de próximos passos. Somos feitos de erros. Deveríamos estar fartos de esperar da vida, ou do tempo, uma resposta. Não deveríamos viver a mercê de incertezas, sem nunca perceber que nunca teremos uma certeza se não arriscarmos. Então, somos cegos que não querem andar por medo de esbarrar em alguma parede. Viva, ande, se esbarrar em alguma parede, que ótimo, agora sabemos que alí tem uma parede e não esbarraremos mais. Vivemos no escuro, nascemos no escuro e cresceremos no escuro. Sem saber o que está a nossa frente. Mas se esperar que apareça magicamente uma luz para te guiar, talvez o escuro te preencha por dentro. Não temos saída de nós mesmos, não temos como nos decifrar, nem ao menos nos conhecemos. Nós somos feitos de incerteza, ela nunca vai embora. É preciso saber lidar. 

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