Dispersão
Não tragas-me mais teu amor, se é que isto um dia já passou-lhe pela cabeça. Não direi-me indigno, amor nunca é nobre demais para ser recebido por um coração complacente. Tragas-me uma xícara de café ou novas ideias, quem sabe um devaneio que nunca me sujeitei. Mas não tragas-me mais teu amor. Não precisei convencer-me de que não pertencia a mim esta cortesia, poupastes-me de todo o meu trabalho e ainda que rudemente, escanteastes o apreço que sentia ao te ver. Tragas-me um problema matemático ou uma teoria astrofísica, quem sabe um bom debate político. Mas não tragas-me mais teu amor. Pereci na esperança de que estas vozes que não dormem em minha parede traziam apenas falácias, mas provei o quão amargo podes ser enquanto queimava sob o mais alto sol. Tragas-me um bom livro britânico ou uma canção acústica, quem sabe um bom filme para uma tediosa tarde de verão. Mas por favor, não tragas-me mais teu amor.
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