Chegando ao limite

Era previsível, era só mais um daqueles dias que só servem para acabar com ele. Ele procura, como um estúpido, pedindo para que estrague seu dia, como se quisesse piorar tudo, como se o abismo no qual ele vive afundando cada vez mais não fosse o suficiente para ele esquecer tudo isso. E foi assim que quando ele passou e seus ombros se encostaram, e quando nem sua voz deu para escutar, que ele enxergou sua estupidez, que novamente, o condenou a sofrer mais. Quase ninguém viu, mas ele acabara de ser baleado bem ali, quase ninguém percebeu que estavam pisando nos sonhos dele ali espalhados pelo chão. E por mais que essa não tenha sido a primeira vez, por mais que ele já tenha se sentido assim, ele não consegue esconder. Há sempre nos seus olhos a marca do sangue escorrido, da dor suportada. Porque por mais que isso seja frequente, ninguém se acostuma a viver morrendo.

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