À mercê da dor e do medo

- Essa é uma notícia incrível! Porque não estás feliz?
- Eu estou animado.
- Animado? Cara, isso devia ser motivo de grande felicidade para tu.
- Deve ser por isso que tu sofre tanto.
- Eu sofro? Tu que é só animado e eu que sofro?
- Sim, tu é meio precipitado e se empolga demais, sendo atingido facilmente. Com o tempo a vida me ensinou a duvidar de tudo, a não tomar conclusões precipitadas, nem demonstrar sentimentos. Não estou feliz, estou me segurando. Porque a qualquer momento posso me decepcionar, isso pode dar errado, e se estiver feliz, vou cair de um lugar ainda mais alto, vai doer mais, do que se mantiver a lucidez. E mesmo se estivesse feliz, não iria demonstrar, pois se viesse a me frustrar depois, as pessoas perceberiam, e a última coisa que eu quero é que olhem para mim com pena, a última coisa que quero é demontrar fraqueza, é querer alcançar algo e vê-los olhando para mim com total descrença na minha capacidade de conquistar tal objetivo. E isso me influencia muito, não deveria, mas o fato de conviver com pessoas que não acreditam em mim e só esperam o momento de fracassar para me consolar, me deixa ainda mais triste. Sei que isso tira muito a graça da essência do "viver", mas comigo sempre foi assim, então é melhor viver sem empolgação do que ser atingido toda hora por ilusões e frustrações. Por isso que adotei a frieza como minha principal forma de encarar a vida, prefiro ser neutro, nem feliz, nem triste, apenas alguém com medo de sofrer ainda mais.

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