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Mostrando postagens de outubro, 2017

Pretérito imperfeito

Ó, lua, sinuosa lua, que traz-me os trastes pecados da alma, pesas-me nos ombros feridas de um trauma, lágrimas lavam marcas que a pele encrua. Já vi cachoeiras de lágrimas abundantes cortando o verde que tece a vida. Mergulhei em profundos olhos dormentes, mares onde almas se encontram despidas Mas jamais vi tão tortuosa dor escorrendo de um olhar forte e vivo. A voz que se escondeu fez-me decompor em todos os estragos de um calor invasivo. Não houve neblina que pudesse esconder os meus passos errados, loquaz e tementes. As vozes que se escondem sob o cobertor calaram-se na culpa que prendia-me a mente E não há tempestade que possa justificar, nem cortejo fúnebre dos futuros perdidos. Ao som turvo que entrava aos ouvidos não havia palavras capazes de acalentar. Havia mais pessoas apontando-me o dedo, algumas das quais estavam dentro de mim. Além de rimas pobres, pestana e nanquim, não há mais vieze...

A solidão de noites acompanhadas de livros e vinho tinto

Há quem diga que a solidão que me envolve nas noites frias a torna mórbida. E, principalmente, que toda essa retórica é uma pobre justificativa para a incapacidade de preencher as minhas noites com um pouco mais de alma. Ora, é certo que interações humanas são parte de nós, que aprendemos, crescemos e morremos por suas vias e conflitos de confiança, fidelidade e comprometimento. Mas ainda há "eu", como indivíduo, no meio de todo o "nós" que envolve-nos no dia-a-dia. Ainda que o companheirismo seja tão reconfortante nos momentos que as nossas almas clamam por afeto, eu ainda existo em toda minha individualidade de um ser completo e único. No momento da madrugada que eu abro uma garrafa de vinho tinto e aos poucos ele desce refrescando o meu paladar e esquentando minha garganta, tudo o que importa sou eu. É fato que estes momentos podem trazer consigo a tristura de um ser, pois, como eu estou em foco, ...