A porta do meu quarto
Você sabe quando você vai para a varanda e sente um vento forte soprando no seu rosto e por um instante, aquilo é a coisa mais prazerosa do mundo? Hoje eu senti esse vento, e ele pareceu se estender até por dentro de mim. Senti a poeira dispersa no ar levar cada peso dos meus erros e arrependimentos que me prendiam no chão. Recordei-me de uma época onde o mais importante era viver e não havia culpa ou ansiedade que me privasse do prazer de acordar e ir dormir esperançoso com um novo dia. Eu sorri para as pessoas que haviam na minha casa, a quem referem-se como família, saí da minha cúpula de solidão e desesperança. Eu abracei o meu irmão caçula e assisti um filme da Marvel com ele, mesmo eu preferindo a DC. Eu coloquei James Blunt no último volume e quando menos esperava, a minha mãe, que há tanto tempo andava preocupada com o meu isolamento, dançava Stay The Night no meio da sala de estar. Eu li uma história em quadrinhos, liguei para os meus amigos e até aceitei sair com o meu irmão mais velho. O meu pai me perguntou como estava a faculdade e até debatemos um pouco sobre política. Eu abri a porta do meu quarto e descobri que havia uma vida dentro da minha morte silenciosa de cada dia. Eu vi a vida mudando e, por algum motivo, houve esperanças dentro de mim em um novo amanhã. Fazia um tempo que eu não sabia o que era sentir esperanças, até temi desaprender. Todo o desespero dentro de mim pôde se esvair com o vento que soprava na varanda. E talvez isso seja felicidade, a plena convicção de que a constante mudança da vida também traz coisas boas.
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