Avenida dos sonhos despedaçados

Sou um livre acorrentado nas minhas visões do passado e, sem algo para segurar, escrevo à mãos trêmulas, desconsolado, para o livro dos capítulos incompletos. Sou apenas mais um com uma história para contar e que tenta escrever mas nunca explica tudo. Busco desesperadamente alguém para me ouvir, qualquer um que possa escutar o que eu não tenho para falar, o que eu guardo sob todas as respostas artificiais. Eu não me importava com qualquer história, para mim o presente era algo inédito sem precedentes e, mais uma vez, eu errei. Eu fui tão covarde que nem confiei nas coisas que eu sentia e simplesmente escondia como mais um capítulo desse livro. Estou desabrigado, tão desprotegido, mas recuso qualquer ajuda pois não parece combinar, quero respeitar a minha dor e, se preciso, me afastar. Apesar de ter medo preciso seguir, se essa angústia não passar preciso me acostumar com ela, me manter artificialmente inatingível e não me reter pois esse livro de capítulos incompletos já está ficando repetitivo e não posso deixar as pessoas decidirem nunca mais me escutar, talvez, eu não esteja completamente sozinho ainda. Não posso precisar de alguém, tenho que andar com minhas próprias pernas pois da última vez desabei, não consegui me levantar e não tinha ninguém para me ajudar. Então, sou mais um morador da avenida dos sonhos despedaçados. Me torno mais uma história de esperanças e ilusões na falta de amor e razão. Entro para a sociedade dos poetas mendigando inspiração.

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