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Mostrando postagens de outubro, 2014

Se perdeu num olhar

Sei lá, às vezes o vento leva a paz, às vezes um olhar muda o dia e, quase imperceptivelmente, faz um escravo do silêncio. E tudo é uma grande dúvida num mundo de suposições, a certeza raramente está presente em suas razões. O mundo parece tão pequeno, as luzes parecem tão fracas e quando tudo falha, o que resta é abaixar a cabeça, fugir do real e com lápis e papel expulsar, em linhas tortas de palavras mortas, tudo que dói, que desaba, que destrói. E naquelas horas que tudo vem a baixo, cada palavra é como uma arma, que quando má direcionada, te faz explodir, para seus restos no chão serem pisados, para que cada parte carregue aquele amor que sofreu com o tempo, que foi morrendo, que se perdeu num olhar.

Com as luzes apagadas

Até que percebeu que o problema dele era ele, que por mais que todos gostassem dele daquela forma, ele odiava conviver com ele mesmo. Porque tudo que sai do normal, acaba o atraindo. Porque tudo o faz diferente. O silêncio é seu pior inimigo. Enquanto ele parece chateado, triste ou cabisbaixo, seus pensamentos não lhe deixam em paz, suas lembranças o aprisiona. E é naquelas horas que ele quer explodir, colocar tudo pra fora, quer se sentir em paz. Por mais que tudo pareça tão calmo externamente, seu interior é o inferno no qual ele vive aprisionado sem conseguir escapar. Às vezes, ele precisa adormecer, ficar um pouco entorpecido, pra se sentir vivo. Ele precisa esquecer tudo, pra conseguir sorrir. Mas ele aos poucos foi aprendendo a conviver consigo mesmo, por mais que odeie ser isso. Ele já espera o pior, assim ele sofre menos. Porque é melhor ser um eterno pessimista do que acumular decepções.

Pular de paraquedas

Amar? Amar é tipo pular de paraquedas. Ou o paraquedas funciona e você aproveita a paisagem, o mar, o vento soprando no rosto, a luz do sol que dá vida ao dia pelas manhãs. Ou o paraquedas falha, você cai, e vai caindo, sem esperanças, só esperando o fim. Só que, diferente de cair de paraquedas, você morre umas cinquenta vezes por dia, e chega uma hora que depois de tanto sofrer, você não reage mais. É atingido por tudo e por todos mas nada parece ser tão importante ou ofensivo para reagir, nada parece valer à pena para defender. Você só deixa acontecer, deixa passar, espera a próxima morte chegar. Parceria com o blog efeitosqueinflaman.blogspot.com.br

Conversa à um

"Olha para você, aí, sentado, escutando música, que é a única coisa que te anima e que te faz esquecer por alguns minutos o que tu passas. Feliz? Acho que não. Talvez agora você aprende, a não levar tão a sério, a só jogar, só para passar o tempo, por diversão. Mas, cara, que estúpido, apostar tua própria felicidade neste jogo. Não poderia ser só mais um jogo perdido ou ganho, quem sabe, mas não, você quer tornar tudo mais difícil, quer ser o diferente. Perdeu, não foi? Poderia ser um pouco racional e apostar qualquer coisa, menos algo que você precisa para viver, aí você vai e aposta a única coisa que te faz enfrentar o mundo. É, agora está aí, sobrevivendo cada dia como se fosse o último, apenas ignorando o mundo e empurrando todos os seus problemas como se amanhã todos fossem se resolver. É difícil viver sem felicidade, n...

Sombras

É assim, nos dias frios, nas noites mais silenciosas, no mais tardar, quando todos vão dormir, que me vejo preso, refém do meu medo. Aquele medo que acompanha minhas sombras, que rastejam pelo chão durante o dia, e desenham cada traço meu nas paredes no escuro. E nos momentos que a noite cala, que as lágrimas tentam arrumar a bagunça de uma mente tão desgastada e cansada que se perde no turbilhão de memórias e arrependimentos que, talvez, nunca terão fim. Para que cada incerteza ganhe um ponto final, e que cada lembrança seja apenas lembranças, que não interfiram, que não dificultem, que só me faça saber enfrentar e aprender que calar só me faz um prisioneiro voluntário no meu próprio mundo que se encontra sempre em guerra.

Terças de abril

Certo dia ele se olhou no espelho e não se viu. E aquela pessoa feliz, sempre rindo e falando besteiras, não vivia mais ali. Aqueles olhos cansados, sem esperanças, sem vida eram resultado daquelas noites em claro que a lembrança do encontro dos teus olhos com os deles provocavam. E ele ali, parado, sem nenhuma reação ao mundo que o atingia. Ele só estava ali fisicamente, só agia por instinto, sem pensar. Ele só queria uma resposta, pois estava vendo tudo ao seu redor desmoronar mas não queria fugir pois esperava um "sim" da garota que seu sorriso o fez sorrir naquela terça-feira de abril.