Impassibilidade
Faltaria-me dedos se eu tentasse contar o quanto eu desejei estar impassível. Aproveitar a serenidade das nuvens leves da primavera sem nenhum peso de um sentimento desgastoso. Mas não sentir nada não parece apenas como estar livre das correntes emocionais da minha alma, e sim manter-me preso na monotonia do meu ser. Em algum momento, a minha mente encheu-se de falsas satisfações. Eu não sinto nada e isso torna-se paradoxal pois eu estou com medo de não sentir novamente. Falta-me a esperança que facilmente perco enquanto espero previamente as despedidas. Parece que até tristeza é algo mais emocionante para sentir do que o tédio absoluto do ócio da minha mente, como parece está sendo agora. Sentimentos que facilmente eram vomitados nestas linhas de retórica pobre, hoje mal compõem um simples soneto. O único real prazer da vida é a degustação dos sentimentos e estes, sinto gradualmente que perco junto às esperanças que se despedem a cada nova manhã, cada vez sentindo menos.
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