Postagens

Mostrando postagens de abril, 2017

Te conhecer outra vez

Nós nos encontraremos outra vez e eu espero que neste dia eu já tenha me encontrado em toda a insegurança que afoga o meu ser. Talvez seja neste sol de inverno que tem seu brilho e logo depois é ofuscado pelas nuvens fartas prontas para derramarem-se sobre nós. E eu não tentarei resistir a você, pois os meus olhos te focam e desfocam todo o resto. Afogarei-me na imensidão dos teus cachos dourados quando o teu abraço tirar o mundo dos meus ombros por alguns minutos. Então transbordaremos amor e construiremos memórias, daquelas que doerá lembrar quando o vento te levar. Mas eu te amarei no nosso pequeno infinito, pois ainda que transitório, o amor escreve as melhores poesias em memórias vívidas de histórias eternas.

Dor, você me fez um sonhador!

Eu não preciso falar todas as palavras que guardo em minha mente para explicar-me por completo. Então, por favor, não diga-me o que eu posso ser, pois eu navego em meu próprio oceano de medos, incertezas e insegurança, e sei mais do que ninguém como alcançar cada litoral. Eu recolhi as minhas lágrimas do chão enxarcado, limpei as minhas feridas inflamadas, curei as minhas dores por planos rasgados ao meio e histórias com fins prematuros. Tive sonhos pisados e reaprendi a sonhar novamente, andando a par com o peso em minhas costas nas noites mais longas. Eles nunca viram as suas moradas lhes dando as costas e calando enquanto clamavam por socorro. Eles nunca souberam como cada amanhecer me moldou nem de onde veio a minha sorte e a minha fé, tampouco a esperança que brotou depois do longo período de seca em meu vale. Pois do fundo do poço, eu só podia enxergar o azul da imensidão celestial. E era a única ...

Contramão

O mundo desaba sobre os meus ombros A lucidez não parece uma boa companheira É inútil escrever uma vida inteira E precisar reescrever a cada novo verão Daqui de baixo eu não vejo quem me pisa A minha visão já não me ajuda em nada Estou tão longe que em minha estrada Só caminho com o vento e a solidão Não há como sentir orgulho do que me tornei Dividindo quarto com comprimidos vencidos Abandonando-me neste lugar escondido Para confortar-me em minha ilusão Não enxergo o sol há seis semanas A vida é uma flor que eu temo o espinho Só há um sentido em meu caminho Não lembro quando entrei na contramão

Sintonia e gratidão

Eu posso detalhar-te inteira em uma poesia Das flores em teu cheiro ao teu toque leve Que levita-me e leva-me ao encanto breve Quando nossos corações entram em sintonia Os contos que ficam em nosso cobertor Enxugam-me as lágrimas ao amanhecer Preenche-me o peito fazendo-me esquecer As tristes antigas histórias de amor É tão claro o jeito que clareias o meu caminho Conserta-me inteiro e faz-me andar sozinho Podendo correr e fugir do teu abrigo Mas sabes o que eu guardo em meu coração Inflamado e partido mas com gratidão Pelas noites em claro que passastes comigo

A tiara magenta: últimas doses de morfina

Os primeiros fracos raios de sol matinais começam a entrar pelas fissuras da parte superior da parede a minha frente. A geladeira onde meus pés encostam parece não estar ligada pelo absoluto silêncio que toma o último cômodo desta casa. O chão que me sento permanece frio como esperado tendo em vista a chuva que deu as caras timidamente pela madrugada e atenuou levemente a temperatura. Os meus sentidos perdem gradualmente a nitidez enquanto este vão estreito guarda as minhas últimas preces de desistência e o fogão apoia as minhas costas antes de meu corpo esmorecer e tombar para o lado. Há louças sujas em excesso na pia a minha esquerda, o filtro ao lado estava vazio e o micro-ondas preenchido de gordura. A situação neste lugar é deplorável, como se estivesse abandonado há semanas, como se não houvesse vida naquele pequeno espaço durante várias madrugadas. E de fato não tinha, desculpe-me mas terei que discordar da sua definição de vida. Este chão vermelho, que disfarça o quão encharca...