A cidade de veludo

Eu não sei de onde veio essas lágrimas nem quando o mundo começou a desabar sobre mim. Eu não lembro quando me perdi pelo caminho nem o meu endereço para voltar para casa. Eu não sei em qual abraço eu deixei o meu coração nem em que noite eu guardei os meus sonhos. As poucas coisas que eu sei é que eu não pertenço a este lugar. As pessoas aqui são vazias e olha que quem está falando isso é alguém que deixou o coração e os sonhos pelo caminho. Elas acham um novo amor a cada esquina e já planejam o seu final. As pessoas aqui ensinam a calar os seus sentimentos, condenar suas lágrimas, reprimir o amor e desaprender a demonstrá-lo. Segundo elas, os sentimentos expelem as outras pessoas e quanto menos você demonstra, mais atraente você se torna. E por algum motivo, eu estou começando a acreditar nisso. Nesta cidade se ouve barulho mas nenhuma voz, se vê multidões mas nenhuma pessoa, se falam aos montes mas nunca conversam. As pessoas aqui renegam as flores e colecionam ilusões, sem saber elas que quem mais as iludem são elas mesmas. 

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