Pássaro

Há um pássaro
sob a minha pele
que desperta na quietude da noite,
ele está preso
e agitado
como se estivesse com medo
de voar errado
e cair.
Por isso,
apenas aceita
viver dentro de mim.
Há um pássaro
com as asas feridas
e todas as vezes que eu choro,
ele parece se machucar mais.
E cada ferida
torna-se motivo suficiente
para ele nunca buscar uma saída,
guardar suas asas
em meu peito
e apenas observar o vôo
dos outros pássaros
de volta às suas casas.
Só que um dia,
um frio e chuvoso dia,
onde as flores se contrastavam
com o solo e o marfim,
eu conheci uma menina
que tinha os olhos de vidro
e bochechas rosadas,
com um pássaro ferido
dentro de si.
E os nossos pássaros,
enlouquecidos,
se estranhavam e se repeliam,
como dois polos negativos,
a cada segundo que nós nos olhávamos.
Como se estivessem fartos
de nossas lágrimas
os torturando
a cada vez que um sorriso
nos fazia sorrir
e simplesmente partia
sem nunca ter um fim.
Daí então
eu percebi
que esse pássaro
era apenas eu
com medo de mim.




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