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Mostrando postagens de setembro, 2016

O último raio de esperança

De fato, eu andei em círculos enquanto a esperava. Apesar dos revés, cada segundo sentindo sua respiração em meu peito valia a pena. Por algumas centenas de dias, ela anestesiou o meu derradeiro desalento e me acordou dos meus pesadelos. Ela foi a minha dose de devaneio ofuscando todo o meu pessimismo e todas as vezes que eu adormecia, era porque eu sentia seus braços me envolvendo numa esperança desconhecida e temida por mim. Ela é a minha primavera, a minha cordial e afável primavera. Ela colore o dia quando o céu amanhece cinza. Ela tem meu coração em suas mãos e me parte ao meio quando se vai. Por favor, verão, não leve a minha primavera embora outra vez.

Espera, por favor! Eu ainda tenho uma vida para escrever.

Eu derrubei algumas lágrimas por você hoje, enquanto ouvia a sua voz. E eu não sei se você percebeu pelo telefone a leve distorção no meu falar ao engolir cada dose de angústia. Eu fingi que estava perdendo a fé em nós dois hoje, enquanto te via me evitar. Mas no final, eu realmente não sabia o quanto valia te esperar cada dia. Houveram pequenas pausas em meu discurso e eu não queria que você percebesse o quanto eu tentava parar meu choro em cada uma delas. Algumas das lágrimas, admito, eram de esperança que traziam à minha mente cada lembrança. No fim, tudo o que eu acreditava se foi.  Eu me machuquei hoje. Não muito diferente dos últimos quarenta e sete dias. Mas dessa vez algo mudou, não doeu. O que escorria pelo meu rosto eram apenas saudades de uma época em que as coisas realmente importavam. Desta vez, não houve nada que acalmasse o meu leve desespero. Houve um tempo que ...

O que eu me tornei?

Eu fui feliz hoje, naqueles sete segundos de sorrisos silenciosos. Era como se a esperança pudesse ser injetada em minhas veias assim como a heroína. E eu não toquei no álcool ou nas drogas que me atraíam pelo caminho. O que eu me tornei? Minha cidade de poeira desaba. O que eu me tornei? Eu não consegui chorar, mal restou forças para respirar, ela partiu e levou a minha alma junto. Mas eu fui feliz hoje, os meus braços enfim guardavam algo que importava e tudo o que eu queria era que estes segundos nunca tivessem fim. O que eu me tornei? Voltei a ser refém dos meus sentimentos. Eu me prometi o contrário. O que eu me tornei? Eu consegui manter as lágrimas em meus olhos quando ela me abraçou, e estas pesaram mais que eu. Ela não parava de sorrir e eu não entendia o porquê. Talvez porque eu estava alí, mas nunca é assim então prefiro acreditar em motivos terceiros. O que eu me tornei? Estou preso n...

Chegamos ao fim

As estátuas dos impérios desabam E a poeira cobre tudo que um dia coube aqui Sete dias sem ordem ou governo Há poetas sem opinião e vidas sem valor Aos passos lentos o verde toma o chão O céu escurece e gradualmente perde a cor Esperanças em escassez nas esquinas Há histórias de almas perdidas e sem salvação Chegamos ao fim, meu amigo Não há nada daqui para frente Não se ouve nada a não ser a minha fraca respiração Chegamos ao fim, meu amigo Não há nada daqui para frente Resta apenas sentar e sentir a dor preencher seu coração

Eu descansei em tua voz

Eu descansei em tua voz. Senti o meu coração acompanhar cada palavra que saía pela tua boca enquanto escutava as batidas do teu. As despedidas guardaram cada morte minha e desdenho pela saudade que eu senti. Meus minutos de alegria sempre couberam no teu sorriso, querida. Os meus afogamentos sempre estenderam-se às tuas lágrimas.  Mas não se importe, meu falecimento gradual não se deve à você. Há dores marcadas em meu peito com a sua caligrafia mas não são elas que fazem meu calvário. Eu escuto sua voz perto de adormecer mas não são elas que me perturbam. Encontro vestígios da sua passagem por aqui durante todo o longo dia, mas eu juro que estas lágrimas que mancham as fotos não são minhas.  Perdoa-me por ter te deixado vagar sozinha. Eu sei o quanto prometi o contrário. Eu nunca soube o que fazer. Mas você sempre foi a minha única certeza. Enfim, eu caí, queri...