Minutos para meia noite
Naquele dia estava tão frio, eu traçava uma linha entre o real e o possível. Eu criei em minha mente as piores hipóteses, eu marquei em minhas mãos o que estava a acontecer. Nos muros altos que escondiam a sombria luz do dia, só se via as marcas de quem já não estava ali. Parecia tão real a medida que piorava, que já via aquele filme quando o tempo corria. O vento trouxe os sons que me cativaram, que ainda se escutavam ao entardecer. Eu pisava no chão, esquecendo do passado, preferia encará-lo como uma grande mentira. Mas assim que acabou, que a música parou, que em meio a despedidas eu estava à mercê de uma imagem anterior que eu implorava para esquecer. Foi tão irreal, todos ali pareciam estáticos, pareciam cegos e despreoucupados, nem a pior suposição foi capaz de descrever. E tudo passou, uma imagem lembrada, um ano despedaçado, um amigo odiado, uma luz apagada, uma voz desconhecida, uma promessa quebrada, uma música marcada nas mensagens feridas. Agora, estou preso nessa lembrança, na trilha do erro, machucado demais para reagir.
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